Apenas dez meses depois de tomar posse, 12 dos 41 vereadores de Salvador (embora nem todos assumam) já pensam em se lançar candidatos à s eleições de 2010. O movimento inclui polÃticos de todos os partidos e faz prever o esvaziamento da Casa Legislativa nos três meses de duração da campanha eleitoral. Estar na disputa por cadeiras na Assembléia Legislativa ou na Câmara Federal atenderá, além de estratégias partidárias, a objetivos que vão desde o desejo de exposição no horário eleitoral gratuito, com vistas à eleição seguinte, à vaidade pessoal, que será satisfeita ao subir mais um degrau na carreira polÃtica.
Estar sujeita à lógica de uma eleição estadual e nacional, deixando vereadores menos independentes em relação a financiadores de campanha ou propensos a retirar da pauta projetos impopulares necessários à cidade, serão possibilidades vivenciadas pela Câmara, mas que, na opinião do cientista polÃtico Paulo Fábio Dantas, fazem parte do jogo polÃtico-eleitoral.
“Não encaro a campanha a deputado estranha ao mandato do vereador, já que é uma competição pelo voto popularâ€, assinalou o cientista. “É claro que haverá o momentâneo desvio de foco, mas as candidaturas de vereadores a pleitos estaduais significam tornar mais efetivas e esclarecedoras as escolhas do eleitoradoâ€, avalia Dantas, para quem a participação dos vereadores torna mais suculento o cardápio eleitoral. “É importante lembrar que não há possibilidade de ganho sem que seja por meio do votoâ€.
Antecipação – Ainda que o prazo para definição de candidaturas se estenda até o dia 1º de julho do próximo ano, partindo das datas de realização das convenções dos partidos, vereadores de Salvador já começam a elaborar planos de trabalho. Sem nada a perder, pois têm garantidos o mandato de vereador até 2012, até edis de primeiro mandato sonham tornar-se deputados pela Bahia.
Há os que se aventuram por imposição do partido, como é o caso do vereador David Rios (PTB), estreante num cargo eletivo. Rios sai deputado confiante no trabalho social que disse realizar paralelamente à medicina.
Sertanejo da região de Serrinha, da cidade chamada Pé de Serra, Rios será testado no pleito estadual por falta de opção do PTB, que perdeu o deputado estadual Paulo Câmara para o PDT e outros nomes de peso para outras legendas. Rios atende ao convite do partido e, mais uma vez, confia na sorte. “Aceitei o desafioâ€, assinalou o vereador, que teve 9.971 votos em Salvador.
Risco zero – Boa parte dos vereadores faz da experiência uma tentativa que se repete periodicamente. Alguns deles testam a popularidade nas urnas, em nÃvel estadual, há muitos anos. Até porque não comprometem, por isso, o mandato que exercem na Câmara de Vereadores. Isso porque quem participará da disputa para deputado não precisa se desincompatibilizar da função que exerce no Poder Legislativo municipal. Se obtiver sucesso no pleito, assumirá o suplente. Caso contrário, têm o mandato de vereador garantido até 2012.
Sobre os riscos de os compromissos de campanha – inclusive com financiadores – interferirem no mandato, a experiência ensina que cautela é a palavra de ordem. “Projetos polêmicos ou de interesse empresarial não são encaminhados à Casa nesse perÃodoâ€, entende o vereador Alcindo Anunciação (PSL).
Fonte: A tarde.